A Origem do Mundo – Liv Strömquist

No Dia Mundial do Livro nada mais interessante do que incentivar vocês a lerem, no post de hoje temos o meu preferido de 2020 até agora: A Origem do Mundo de Liv Strömquist.

A autora

Liv Strömquist, nascida na Suécia, formada em ciências políticas e quadrinista. A Liv (posso chamar assim já será?) é autora desse livro maravilhoso que vou lhes apresentar hoje, e outros que estão disponíveis para consulta aqui, mas que não tem versão traduzida para o português.

A Origem do Mundo: Uma História Cultural da Vagina ou a Vulva Vs. o Patriarcado

Sem dar spoilers da nossa história (kkk) quero trazer um pouco do conteúdo desse livro para te incentivar a adquirir essa grandiosíssima obra toda ilustrada que deveria compor as estantes de todas mulheres desse Brasil e de escolas, pois conhecimento é tudo.

Antes de contar um pouco do conteúdo, preciso avisar que são quadrinhos, e digo que preciso pois quando comprei eu não sabia, o que acabou sendo uma surpresa muito prazerosa. Então, agora que já te presenteei com essa informação, vamos a história propriamente dita.

O livro é dividido em segmentos, o primeiro deles traz teorias científicas que homens, interessados demais na genitália feminina, fizeram ao longo da história e causaram-nos problemas. Desde a aplicação de ácido carbólico puro ou remoção cirúrgica do clitóris para resolver problemas que a masturbação causava, como câncer cervical, epilepsia, loucura, debilidade física e mental (???) até a abertura do túmulo de uma Rainha do século XVII, em 1965 para verificação de uma possível intersexualidade, descrita por um ginecologista e um escritor/jornalista nos anos 30.

Mas porquê intersexualidade?

Vou lhe dar uma pitadinha dessa história: Rainha Cristina da Suécia (1626-1689) gostava de estudar filosofia, línguas clássicas, astronomia e matemática, além de ser capaz de lidar de forma muito sabia com assuntos do Estado (algo muito masculino) e, ao mesmo tempo, era dotada de volatilidade, imprevisibilidade (muito feminino) e não queria se casar. Basicamente isso. Só isso.

Bom, de algo divino a algo sujo, nossa vulva já passou por cada uma, e Liv trata toda essa história sob a luz da evolução de como a genitália feminina foi tratada por cientistas, médicos, santos, papas, exterminadores de bruxas, e até pela NASA, ao longo dos anos, e como isso impactou – e impacta até hoje – como (não) vemos e como (não) sentimos. Fazendo também uma discussão sobre a heterossexualidade, que está toda envolvida nesse processo de tratamento da nossa genitália.

No segmento de orgasmo, Liv retrata como passamos de depravadas sexuais na Antiguidade – e o homem um ser dotado da capacidade de autocontrole e de laços de amizade sofisticados e intelectuais -para, na atualidade, sermos vistas como seres desprovidas de necessidades sexuais, apenas emocionais, enquanto os homens foram tidos como possuidores de uma sexualidade florada, forte e incontrolável.

Temos também o segmento da menstruação, que avalia inclusive os anúncios para absorventes e como essa comercialização usa e abusa de palavras como “frescor”, “segurança” e “proteção”; e a ligação que todos fazemos da menstruação como algo sujo, impuro e até fedorento (o que causa fedor é o absorvente meninas, sangue tem cheiro de sangue, o mesmo que sai do nariz ou de um corte, ou seja, cheiro de ferro que nem dá pra sentir direito).


Pausa que a autora indica coletores menstruais, e aqui é minha deixa para trazer outro post que já fiz aqui: coletores menstruais. Leia depois desse ein!


E por fim, mas não menos importante, temos o segmento da TPM, e de como esse momento transmite um estado de sensibilidade, inteligência e sofisticação, digno de retratar a escultura “O Pensador” do Rodin, porque…eu quero que você descubra.

Para fechar, aqui vai a sinopse do livro:

“Por que as sociedades alimentaram uma relação tão esquizofrênica com a vagina ao longo dos séculos? Por que a menstruação é um tema apagado de nossa cultura quando costumava ser algo sagrado para os povos ancestrais? A origem do mundo escancara interditos e desafia mitos e tabus. Um livro genial, catártico e absolutamente necessário. Se “o pessoal é político”, como dizia o slogan da segunda onda feminista, iniciada nos anos 1960, Liv Stromquist criou um livro radical. Com humor afiado, a artista sueca expõe as mais diversas tentativas de domar, castrar e padronizar o sexo feminino ao longo da história. Dos gregos antigos a Stieg Larsson, das mulheres da Idade da Pedra a Sigmund Freud, de Jean-Paul Sartre a John Harvey Kellogg (o inventor dos sucrilhos), da fábula da bela adormecida a deusas hindus, de livros de biologia ao rapper Dogge Doggelito, A origem do mundo esquadrinha nossa cultura e vai até o epicentro da construção social do sexo. Para Liv, culpabilizar o prazer é um dos mais efetivos instrumentos de dominação — graças à culpa, a maçã é venenosa e o paraíso mantém seus portões fechados. Uma crítica hilária, libertadora e instrutiva sobre o sexo feminino.”

Onde posso encontrar?

Eu adquiri o meu na Amazon, inclusive ele também tem sua versão disponível para Kindle, mas devo lhe avisar que existe algumas partes do livro coloridas, então se você tiver o Kindle que mostra apenas em escala de cinza (como o meu), você não verá as cores hehe

Outra dica para adquirir livros por um preço melhor é comprar usado! E podemos fazer isso pelo site Estante Virtual, que conecta livrarias e sebos do Brasil para deixar essa troca muito mais fácil. Você pode acessar os anúncios do livro clicando aqui.

Por hoje, isso é tudo pessoal! Se você chegou até o fim desse post que fiz super entusiasmada com o livro (li em meio dia), comente aqui o que você achou dele, se sentiu vontade de conhecer! E ah, está liberadíssimo homens acessarem esse conhecimento também. pls.

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